Alunos da escola de ensino técnico do município do Paraná fabricam 100 camas para doar aos desabrigados por temporais no Rio Grande do Sul

A solidariedade às vítimas da enchente no Rio Grande do Sul, provocada pelo maior desastre climático já ocorrido pelo estado, mobilizou gente de todos os cantos do Brasil. No Paraná, alunos do Centro Estadual Florestal de Educação Profissional Presidente Costa e Silva, mais conhecido como Colégio Florestal de Irati, deciram doar 100 camas construídas por eles para os gaúchos desabrigados por temporais no início de maio.

A ideia nasceu após uma campanha de arrecadação de mantimentos, quando os alunos pensaram em também usar a estrutura do colégio para fabricar os estrados das camas. A iniciativa ganhou destaque na mídia: “Estudantes do Colégio Florestal de Irati unem forças para construir e doar camas para as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul”, anunciou a edição do dia 19 de maio do telejorna Meio Dia Paraná, da RPC.

"A gente dorme em lugares bons e aquelas pessoas que perderam tudo – casa, móveis – estão dormindo no chão. E agora que está vindo uma frente fria, eu acho que seria bem gratificante fazer uma cama pra eles dormirem mais aconchegados", disse o estudante Rafael Elias Kutz ao telejornal.

Os professores ficaram impressionados com a atitude dos jovens. "Fiquei surpreendido e emocionado com a ação dos alunos. Essa iniciativa faz com que a gente acredite que o futuro ainda tem esperança", pontua o diretor na unidade didático-produtiva do colégio, Igor Felipe Zampier.

 Fotos: Reprodução/RPC

Estruturas de madeira beneficiada

A previsão inicial era fabricar 50 camas em uma semana, mas a meta foi alcançada em apenas dois dias. Por isso, os alunos decidiram produzir 100 camas para doar aos desabrigados do RS. Elas serão entregues ao Corpo de Bombeiros de Irati, que fará o envio para os flagelados gaúchos.

As estruturas estão sendo feitas com madeira beneficiada e serão enviadas pré-montadas para facilitar a logística. Para ficarem prontas, precisam apenas de oito parafusos, segundo a equipe.

As camas também levarão a marca do colégio em placas instaladas nas cabeceiras, que têm o nome e símbolo da instituição.

"Essa placa é um reaproveitamento das madeiras que serviram como armários para os nossos ex-alunos por muitos anos, e agora pensamos que é hora de aproveitar. A gente fez a desmontagem dos armários, beneficiamento, e para o pessoal lembrar um pouquinho da gente estamos deixando a nossa marquinha, que é a logo do nosso colégio nela", assinala o coordenador do curso Florestas, Gilcinei Linhares.

Fotos: Reprodução/RPC

Ciclo de produção de madeira

O Colégio Florestal de Irati oferece ensino médio regular e matérias específicas sobre o ciclo de produção de madeira. A instituição tem 50 anos e foi a primeira da América Latina a oferecer curso técnico em floresta.

"O que eles [alunos] aprendem no dia a dia dentro de toda cadeia produtiva da madeira tem que ter um uso, um benefício, tem que haver uma utilidade para o que um técnico produz. E é nisso que estamos trabalhando com eles", enfatiza a diretora geral do colégio, Mariane Pierin Gemin.

O Conselho Federal dos Técnicos Agrícolas (CFTA) concorda plenamente com a diretora do Colégio Florestal de Irati. “O exemplo dos nossos futuros Técnicos Florestais, uma das 55 modalidades da profissão de Técnico Agrícola, reforça a importância do trabalho da categoria em apoio à sociedade, especialmente nos momentos de crise, como o que está vivendo hoje a população do Rio Grande do Sul”, ressalta a diretoria do CFTA.

Fotos: Reprodução/RPC