CFTA, FENATA e MEC discutem valorização do ensino agrícola e o mercado de trabalho
Encontro na sede do Ministério da Educação é considerado o primeiro passo, rumo à reconstrução do ensino técnico agrícola no país.
O ensino e a formação profissional dos Técnicos Agrícolas foram temas tratados, na visita de cortesia realizada por dirigentes do Conselho Federal dos Técnicos Agrícolas (CFTA) e da Federação Nacional dos Técnicos Agrícolas (FENATA), ao Ministério da Educação (MEC). A reunião, realizada na quarta-feira passada (17/02), foi preliminar e precede o encaminhamento, ao órgão, de futuras pautas voltadas à qualidade do ensino técnico agrícola no Brasil.
Participaram do encontro, o Secretário-Executivo do MEC, Victor Godoy Veiga; o Secretário Executivo Substituto, José de Castro Barreto Junior; o Secretário de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC), Venceslau Rosendo dos Santos; o Diretor de Programa/SE, Márcio de Aquino Terra, além dos diretores do CFTA e FENATA.
O Ensino Técnico Agrícola e os Institutos Federais
A escola agrícola no Brasil foi descaracterizada, a partir da implantação dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, em 2008, por meio da Lei nº 11.892. A eliminação dos princípios básicos que norteavam a escola tradicional trouxe consequências negativas para a qualidade do ensino e compromete, ainda hoje, o futuro da profissão de Técnico Agrícola. A valorização do profissional de nível médio e o desenvolvimento do meio rural, com o retorno do formando ao campo, tendem a ser ofuscados pela facilidade de acesso ao ensino superior e pelas oportunidades de trabalho, muitas vezes ilusórias, ofertadas na cidade.
O Sistema Escola-Fazenda, com ênfase na produção de alimentos e no auto abastecimento, onde o aluno dedicava boa parte do tempo ao trabalho no campo, foi substituído por institutos, cuja infraestrutura, comparativamente, é reduzida e os cursos são de menor duração. As escolas de ensino técnico agrícola tradicionais tiveram suas áreas produtivas reduzidas, quando não extintas, e as aulas passaram a ser meramente teóricas. Soma-se a isso o fato de parte das vagas dos Institutos Federais ter sido destinada à formação de nível superior, como Agronomia e Veterinária. Desse modo, organizações que eram referência no ensino técnico agrícola no país, tornaram-se frágeis, dependentes e suscetíveis a desafios e adversidades.
A valorização do ensino e o mercado de trabalho
Conforme o presidente do CFTA, Mário Limberger, o problema gerado pelo ensino implantado pelos Institutos Federais, há quase duas décadas no Brasil, é complexo e por isso não existe uma solução imediata. Segundo ele, a questão primordial, neste momento, é abrir a discussão, junto ao MEC, e definir uma nova estratégia para o ensino técnico agrícola, que atenda as demandas atuais do mercado de trabalho.
- Com o desenvolvimento da agropecuária brasileira, uma das maiores produtoras de alimentos do mundo, que representa 1/3 do PIB do Brasil, o mercado de trabalho, cada vez mais competitivo, requer profissionais sempre mais qualificados -, afirma Limberger. O objetivo – completa – é manter um diálogo permanente com o MEC, com o propósito de reconstruir o ensino agrícola no país.
Nesse sentido, o diretor administrativo do CFTA, Gilmar Zachi Clavisso, informa que já estão sendo realizados estudos para a elaboração de uma nova grade curricular para o ensino técnico agrícola, com novas disciplinas e práticas profissionais, que deverá, posteriormente, ser encaminhada, como proposta, ao MEC. “Trabalhamos na elaboração de diretrizes curriculares que abranjam o universo do agronegócio, tendo em conta as diferentes modalidades, áreas de atuação e prerrogativas dos Técnicos Agrícolas, ampliando a abordagem de temas como cooperativismo, meio ambiente, biologia e economia”, concluiu Clavisso.